Scholes afasta-se da TV (e do United) para cuidar de filho com autismo

Paul Scholes revelou, esta quinta-feira, os motivos que o levaram a abdicar do lugar de comentador televisivo de forma regular em Inglaterra. No podcast The Overlap, da Sky Sports, a lenda do Manchester United explicou que o filho Aiden tem um "autismo severo" e que a sua presença quase diária nos jogos estava a ter impacto direto na sua rotina. 

 

"Tomei esta decisão por causa do Aiden. Tem necessidades especiais e provavelmente vocês sabem disso. Todo o trabalho que faço agora é em torno das suas rotinas, que têm de ser muito definidas. Decidi que tudo o que tinha de fazer era pelo Aiden", começou por dizer Paul Scholes, prosseguindo. 

"Eu e a Claire [ex-companheira] já não estamos juntos portanto temos três noites cada um [a cuidar de Aiden]. Fazemos sempre as mesmas coisas. Ele não percebe em que dia da semana estamos e que horas são. Mas ele sabe em que dia está por aquilo que estamos a fazer nesse dia. Vou buscá-lo todas as terças-feiras à escola e vamos nadar, porque ele adora nadar. Depois vamos para casa e paramos pelo caminho para comer pizza. Portanto, ele sabe que os dias são diferentes", explicou o antigo internacional inglês. 

Rotina planeada 

Scholes vai, agora, surgindo apenas de vez em quando nos canais de televisão em Inglaterra, estando totalmente focado em cumprir a rotina de Aiden. 

"Na quinta-feira vou buscá-lo para ir comer qualquer coisa antes de irmos para casa. No domingo vou buscá-lo na casa da Claire e vamos ao supermercado e ele compra um carrinho cheio de chocolates. Ele não tem noção de que dia é e de que horas são, mas consegue sabê-lo por aquilo que fazemos [através da rotina]", descreveu o ex-médio inglês. 

Aiden vai fazer 21 anos em dezembro, mas não estabelece qualquer comunicação verbal com os pais, apesar de compreender aquilo que lhe é dito. Scholes afirmou tratar-se de um "autismo severo", mas garantiu que o filho consegue fazer várias tarefas que lhe dão normalidade à vida. 

"Ele não consegue falar, mas acho que ele percebe mais do que aquilo que nós pensamos. Se lhe disserem qualquer coisa, ele vai perceber. E depois tem sons, que faz com as pessoas mais próximas. Tem um autismo muito severo. Mas obviamente conseguir ir à escola com toda a normalidade e tudo o resto", vincou. 

Do Instagram ao passado

No mesmo podcast, Paul Scholes explicou ainda que usa o Instagram para mostrar que o filho pode ser feliz mesmo perante a condição de saúde, ao mesmo tempo que confessou querer ajudar todos os pais que enfrentem o mesmo problema. 

"Eu vou sempre responder às pessoas no meu Instagram. Porque é difícil, especialmente quando se é jovem", frisou, antes de abordar os primeiros sinais de que "algo não estava bem" com o filho. 

"Sabíamos que algo estava errado. Começa por ser algo do teu subconsciente que acontece, mas lembro-me da primeira vez que me o disseram. Creio que estávamos a jogar contra o Derby e eu não queria lá estar. Lembro-me que o treinador deixou-me no banco na semana seguinte e eu não disse nada a ninguém. Passadas umas semanas contei-lhe. Foi muito complicado", disse, para depois concluir. 

"Há alguns miúdos que não falam com um ano e meio ou dois anos de idade. E de repente começam a falar com cinco ou seis anos. Chamam a isso um atraso no desenvolvimento, mas nós sabíamos que nunca seria assim para nós. Não falei com ninguém no clube sobre isso. Mesmo agora, não quero pena nem nada que se pareça. Pensei que mesmo falando com alguém isso não iria ajudar o Aiden", rematou o antigo internacional inglês. 

Em suma, a decisão de Paul Scholes foi uma questão de prioridades. Tal como fazia quase sempre dentro de campo, o antigo médio inglês mostrou saber escolher o caminho mais acertado.

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