Ruben Amorim sem 'papas na língua': "Tenho zero medo de perder o emprego"
Ruben Amorim concedeu, esta quarta-feira, uma extensa entrevista ao podcast 'One on One', promovido pela estação televisiva britânica Sky Sports, na qual abordou diversos temas, começando, desde logo, pelas recentes palavras do co-proprietário do Manchester United, Sir Jim Ratcliffe, que garantiu que terá "três anos" para recolocar o clube na rota do sucesso.
"Tive muito apoio, começando pela direção, pelos jogadores... É claro que é uma luta, todos os dias, no nosso clube. Queremos mudar as coisas, e há muito por fazer, mas cresci muito. Gosto de estar aqui. Não há outro clube assim, e isso dá-me forças para lutar pela oportunidade, mas vivo dia a dia, e sei que as coisas mudam muito rapidamente. Sei que tenho de lutar todos os dias para manter o meu emprego, e isso é bom. É a vida. Se a vida for sempre boa ou má, não é vida. A vida é assim, e desfruto muito da minha vida aqui", começou por afirmar.
"Eu sei que tudo muda. Num mês, tudo muda. É claro que aquela entrevista do proprietário ajudou a acalmar os ânimos, mas tenho zero medo de perder qualquer emprego. Isso não vai mudar a minha vida, no ponto em que estou. O meu maior receio é não vencer jogos. Esse é um sentimento de sofrimento, porque eu sofro quando não venço jogos", prosseguiu.
"Por isso, é a única coisa em que estou focado, e não naquilo que as pessoas pensam. É claro que quero que toda a gente adore o meu futebol e que diga que sou o melhor treinador do mundo, mas isso não vai acontecer, aconteça o que acontecer. Só quero vencer jogos. Se vencer jogos, serei feliz", completou.
"Rashford? Não tenho qualquer problema pessoal com ninguém"
O antigo treinador do Sporting virou, de seguida, as atenções para Marcus Rashford, jogador com o qual entrou em 'rota de colisão', ao ponto de o ter afastado do plantel principal dos red devils. O internacional inglês acabou por ser emprestado ao Barcelona, e já fez saber que por lá quer ficar, mas o português garante: "Fico feliz por todos os jogadores que merecem ser felizes".
"Por vezes, estás num sítio que não é para ti, mas, depois, vais para outro sítio e estás mais feliz. Isso é natural. Eu sinto o mesmo com o Rasmus [Hojlund] e com vários outros jogadores. O Antony também encontrou o seu lugar. Fico feliz por ele. Não tenho qualquer problema pessoal com ninguém, aqui. Eu fui futebolistas, sei como eles sofrem, como pensam, por isso, fico feliz quando encontram o lugar certo para serem felizes", apontou.
"Não quero deixar o Manchester United sem vencer"
A terminar, Ruben Amorim entrou no plano mais pessoal, confessando que a chegada a Old Trafford lhe "mudou um ponto a vida": "A exposição que tenho é completamente diferente. Os hábitos que tenho são mais ou menos os mesmos. Vivo uma vida simples, mas isto mudou a minha vida. Quando chego ao balneário, em Old Trafford, e vejo 23 fotografias de treinadores, sei o quão importante é o meu trabalho, a honra que tenho, e quero ter sucesso. Não quero deixar este clube sem vencer, e isso é enorme para mim. Isto não vai mudar quem eu sou, isso é certo, porque tenho isso bastante claro, mas mudou completamente a minha vida".
"Centras tudo nos resultados e na vida como treinador, mas, aqui, é diferente. Sinto apoio, aconteça o que acontecer. Vivo num sítio em que, como muitos grandes jogadores vivem lá, ninguém quer saber de mim, e isso é uma bênção. Só aponto para os outros tipos. O Bruno [Fernandes] está lá sempre, na escola, há tipos de outros clubes, por isso, aponto para eles", atirou, entre risos.
"Desfruto muito da maneira como as pessoas lidam com a competição, aqui. Eu sei da pressão e tudo o resto. Lês que Portugal é louco sobre o futebol, mas não, as redes sociais são de loucos em todo o lado", rematou.
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